Terceiro Andar

Já fazia duas semanas que terminaram. Duas semanas sem ouvir qualquer notícia dele. Duas semanas tentando juntar os pedaços espalhados pela casa: fotos, roupas, presentes. O cheiro dele que se recusava a sair do travesseiro.

Duas semanas sem comer, sem trabalhar, sem direção.

Duas semanas até receber a mensagem no celular: “Estou sentido sua falta”. Sentiu o coração apertar. Queda livre. “Também sinto a sua”. Trocaram mais algumas mensagens e quando deu por si estava na portaria do prédio dele, prestes a subir ao apartamento no terceiro andar. Ele atendeu a porta e sorriu. O sorriso tímido que o conquistou quando se conheceram. Havia tristeza no olhar também. Um pouco de arrependimento. Um que ele entendia bem. Os dois sabiam que estavam cometendo um erro. Um que precisava ser cometido.

Entrou e, de repente, estava pressionado contra a parede, o corpo dele pesando contra o seu. Camisas voaram. Cintos abertos. Botões arrebentados.

O outro parou, olhou como se fosse o fim, e disse: “Isso não muda nada. Eu não te amo como você quer”.

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